24 de agosto de 2009

NÓS, QUE AQUI ESTAMOS...

Mais uma vez, escrevo linhas para este blog. Escrevo. E, quero passar para vocês uma antiga e profunda inquietação minha, que me incomoda enquanto estudante de história e principalmente enquanto gay, como ser politicamente gay (“espécie” esta rara e de pouco valor dado pelos próprios gays).
Sou gay, assumido, e obtive respeito por esta minha orientação. E, o que me choca cada vez mais é o fato dos próprios gays que conheço e que estudam aqui na Feevale não se posicionam, preferem se esconder, internalizando suas homofobias. Na boate, nas jantas íntimas, tudo vale, tudo pode. Agora, em um espaço público e plural como o campus do meu querido Centro Universitário, esses mesmos gays reproduzem as mesmas formas de preconceito que, quando estes estão no “gueto”, são vítimas de heterossexuais homofóbicos.
Esta contradição, hipócrita e empobrecedora, somente faz com que nós gays, pessoas como quaisquer outras que possuem afetividades, direitos civis e de circulação iguais aos dos heterossexuais, nos escondamos mais e mais, sob véus de “olha o que os outros vão dizer” ou “tenho medo de apanhar”. Sim, evidentemente, numa sociedade falsamente plural e inclusiva como a brasileira, somente quem ascendeu a um patamar de conforto econômico é que pode enfrentar – ou melhor, comprar as pessoas – o preconceito. No entanto, se nós, gays, não nos unirmos e não sairmos da caverna platônica, continuaremos confinados no gueto e aguardando ansiosamente por um reles beijo entre dois homens na telenovela global das 21:00, como se somente isso fosse libertar os gays de seus grilhões de preconceitos.
Nos últimos quarenta anos, desde o emblemático confronto de Stonewall, as grandes mudanças comportamentais e de sociedades ocorridas no mundo ocidental foram gestadas nos campi universitários. Porque nós, gays, não reproduzimos o slogan da Feevale – Conhecimento para inovar o mundo – e não inovamos, afirmando nosso espaço político e social de nossa orientação sexual? Há mais de trinta anos, Harvey Milk conseguiu muito mais do que proponho...

Vinícius Moser - Acadêmico de História

Nenhum comentário: